Francisca Silvana
Rodrigues Primo
Resumo
O presente trabalho tem
por objetivo nos dar subsídios para entendermos esse complexo processo de
ensino da ortografia e como consequência enfocar o papel decisivo da escola e
logicamente do educador como sendo o mediador desse processo. A pesquisa
demonstra que o professor precisa compreender como ocorre o processo de
aprendizagem, desde a primeira tentativa de escrita até o momento em que a
criança começa a se preocupar com a ortografia. A partir desse conhecimento o
professor iniciará sua linha de trabalho.
Palavras-chave: ortografia, escola, aprendizagem
Introdução
Segundo Celso Ferreira da
Cunha, (1984, p. 74), ortografia é: “(do grego orthographia,escrita correta) é
a parte da gramática que trata do emprego correto das letras e sinais gráficos
na língua escrita”.
Todas as regras que
norteiam esse uso, as chamadas regras ortográficas, são fruto de uma convenção
social, de um acordo estabelecido pelos especialistas cujo objetivo é
padronizar a escrita.
O aluno deve ser
efetivamente não só informado do caráter convencional do nosso sistema
ortográfico, da norma culta, mas também levá-lo a refletir sobre as
semelhanças, e diferenças entre a fala e a escrita. Particularmente, deverá
compreender que a escrita não é uma simples transcrição da língua oral,
constituindo-se – o código oral e o escrito – em formas variantes ou
alternativas da mesma.É preciso deixar claro para os alunos que, atualmente
quem não domina essa convenção corretamente é discriminado.
O ensino da
ortografia
O ensino da ortografia
acontece assim que o estudante começa a entender o sistema da escrita
alfabética, isto é, quando tiver aprendido o valor sonoro das letras e já puder
ler e escrever pequenos textos. Ao trabalhar com a ortografia a escola cumpre
um dos seus papéis, que é dar ao aluno acesso às regras da norma culta visto
que os mesmos utilizam-se da linguagem popular.
É comum surgir dúvidas
entre os professores de como trabalhar ortografia com os alunos. São muitos os
fatores que dificultam a compreensão do sistema ortográfico. Inúmeras grafias
justificam-se apenas por razões etimológicas, ou seja, devido a sua origem.
Além disso, a língua apresenta muito mais fonemas do que as letras do alfabeto
e usa diversas letras para representar um som.
Desde os primeiros
momentos é papel do professor, ajudar os educandos a refletir sobre os erros
ortográficos, só assim ele internaliza as regras, que por serem aparentemente
complexas, vão desafiá-los a vida toda.Outro ponto é o fato de o educador
evitar usar o número de erros num texto como parâmetro avaliativo, os erros são
pistas preciosas para o professor planejar seu ensino, para selecionar e
organizar as dificuldades de seus alunos e ajudá-los a superá-las.
Para ensinar ortografia, a
maioria dos professores lança mão de cópias, ditados e exercícios de treino,
sem muito êxito. O início do ensino da ortografia deve ser feita de forma
sistemática, para que a criança aprenda o valor sonoro das letras e consiga ler
e escrever pequenos textos. Quando este já conhece as letras, lê e escreve, mas
ainda não conhece as normas ortográficas, o aluno precisa que a escola o
ensine, pois no há por que esperar que os educandos das nossas escolas
descubram sozinhos a forma correta de grafar as palavras.
Muitos estudiosos alertam
para o fato de que o domínio da escrita alfabética nem sempre é homogêneo em
cada sala de aula. Para o profissional de educação iniciar o ensino da ortografia
é necessário que se faça um minucioso estudo dos erros e só assim definir
estratégias para trabalhar cada dificuldade, pois esta requer modos de
aprendizado diferenciado.
As dificuldades regulares,
em que há um princípio gerativo, uma regra que se aplica à maioria das palavras
da nossa língua, precisam ser ensinadas atravás de estratégias que levem o
aluno a uma reflexão sobre a escrita, compreendendo o fato e assim produzindo
juntamente com o professor a regra. É preciso que seja criado oportunidades de
a criança refletir sobre tais dificuldades com relação a ortografia do seu
idioma, caso contrário não se pode exigir deste, que escreva corretamente.
Por sua vez, as
dificuldades irregulares, onde não há uma regra que mostre a forma correta de
escrita, a única saída é mostrar ao estudante que será preciso memorizar a
grafia e cabe ao professor como mediador, investigar palavras importantes,
aquelas mais presentes nos textos. Nesse caso das dificuldades irregulares é
uma ótima oportunidade de o educador lançar como recurso o dicionário, levando
os alunos a recorrerem á pesquisa sempre que surgir alguma dúvida e assim
memorizando aos poucos.
A ortografia e o
processo de alfabetização
A ortografia ainda vem
sendo trabalhada na escola por meio de atividades de identificação, correção de
palavras erradas, seguidas de cópia e de enfadonhos exercícios.
No entanto, o professor
pode desenvolver uma didática que permita ao aluno descobrir e dominar o
sistema grafo-fonêmico da língua materna e suas convenções ortográficas,
analisando a relação entre escrita e fala. as restrições ao emprego das letras
tratando a ortografia como um modo de reflexão a respeito da língua materna.
No ensino da ortografia de palavras
“irregulares”, cuja escrita não se orienta por norma. exige, primeiramente, a
tomada de consciência de que, nesses casos, não há regras que justifiquem as
formas corretas fixadas pela norma e, em segundo lugar, um posicionamento do
professor a respeito de quais dessas formas deverão receber um maior investimento
no ensino.
A posição que se defende é a de que,
independentemente de serem regulares ou irregulares – definidas por regras ou
não – as formas ortográficas mais freqüentes na escrita devem ser aprendidas o
quanto antes. Não se trata de definir rigidamente um conjunto de palavras a
ensinar e desconsiderar todas as outras, mas de tratar diferentemente, é
preciso que se diferencie o que deve estar automatizado o mais cedo possível
para liberar a atenção do aluno para outros aspectos da escrita e o que pode
ser objeto de consulta ao dicionário.
A consulta ao dicionário pressupõe
conhecimento sobre as convenções da escrita e sobre as do próprio portador:
além de saber que as palavras estão organizadas segundo a ordem alfabética (não
só das letras iniciais, mas também das seguintes), é preciso saber, por
exemplo, que os verbos não aparecem flexionados, que o significado da palavra
procurada é um critério para verificar se determinada escrita se refere
realmente a ela, etc. Assim, o manejo do dicionário precisa ser orientado, pois
requer a aprendizagem de procedimentos bastante complexos.
O trabalho com a normatização
ortográfica deve estar contextualizado, basicamente, em situações em que os
alunos tenham razões para escrever corretamente, em que a legibilidade seja
fundamental porque existem leitores de fato para a escrita que produzem. A
partir das experiências com a escrita, o professor deve ir mostrando para o
educando a escrita ortográfica, pois é esta que ele mais usará, porque será a
única forma de escrita admitida na vida escolar.
Faz-se imprescindível que o educador
fique atento à produção espontânea das crianças e partindo das mesmas é que ele
explicará as dúvidas sobre a escrita e ortografia que forem ocorrendo. Não é
suficiente apenas corrigir as falhas, pois a criança precisa tornar-se ciente
do que fez e porque precisa corrigir.
A aprendizagem da ortografia é um
desafio para o professor, pois este precisa elaborar situações didáticas
capazes de ajudar a criança a entender a forma convencional de escrever. O
ponto central do ensino de ortografia é fazer com que o aluno se torne redator
do seu próprio texto, o professor deve deixar seu papel de corretor e
socializá-lo, pois assim a criança entenderá que o texto escrito por ela
precisa ser compreendido por aqueles que o lerão e como conseqüência a criança
revisará a ortografia com mais atenção, pois o texto deixará de ser próprio
para ser público.
Conclusão
O professor deve atuar como um
mediador eficiente na aprendizagem das
regras ortográficas, é dever do educador auxiliar os alunos a refletir sobre os
erros ortográficos. No desbravamento do campo da ortografia, as crianças
empregam os meios que estiverem ao seu alcance para adquirir conhecimento e é
nesse momento que o professor deve acompanhar de perto e fazendo as devidas
intervenções.
A aprendizagem da ortografia não é uma
tarefa simples que se domina com mere exposição à língua escrita, pois nem
sempre o universo das palavras a que a criança tem acesso permite abstrair os princípios da norma
adequadamente.
Referências bibliográficas:
CUNHA,
Celso Ferreira da. Gramática da Língua Portuguesa. 10ª Ed. Rio de Janeiro:
Ministério da Educação e Cultura, Fundação de Assistência ao Estudante, 1984.
PCN
- Parâmetros Curriculares Nacionais - Ensino Fundamental, Brasília, 1998.
REVISTA NOVA ESCOLA, É hora de
escrever certo. São Paulo. Editora Abril, nº159, fevereiro, 2003.
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