sábado, 9 de novembro de 2013

A QUESTÃO DOS GRAFEMAS VOCÁLICOS E CONSONÂNTICOS NO ACORDO ORTOGRÁFICO*



Roberta Farias Paiva**
RESUMO

O presente artigo tem como objetivo analisar a questão vocálica e consonântica do Acordo Ortográfico 2008. A preocupação que norteou esse estudo foi descobrir como ocorre cada mudança e que intuito, essas tiveram ao reorganizar a ortografia vigente. Para isso o trabalho foi dividido de acordo com as bases apresentadas para os grafemas vocálicos consonânticos. Foram sete Bases analisadas, em cada uma a tentativa foi de sorver o essencial. Na Base I o estudo se deu em torno da incluso a das letras K, W e Y no alfabeto oficial. Na Base II a análise foi feita em cima do uso da letra h. na Base III a proposta era analisar a homofonia de algumas consoantes. Na base IV o estudo se deu a partir do desaparecimento de algumas consoantes, porque caíram em desuso. Na Base V o estudo foi norteado pelas vogais nasais e na Base VII a discussão se deu em torno dos ditongos. Para a compreensão do trabalho o material utilizado foi: gramáticas normativas e a nova reforma ortográfica 2008. A partir do que foi apresentado o que se espera é que essa reforma além de mudanças drásticas, também traga mudanças vindouras.

Palavras-chave: Ortografia. Acordo ortográfico. Grafemas vocálicos consonânticos.


INTRODUÇÃO
            O presente trabalho consistirá em uma análise do novo Acordo ortográfico 2008. E para melhor compreensão o estudo foi analisado conforme as divisões das Bases que analisavam a questão dos grafemas vocálicos e consonânticos.
            Na Base I o estudo se deu em torno da inclusão das letras K, W e Y no alfabeto oficial e como os estrangeirismos serão tratados a partir de agora. Na Base II a análise foi feita em cima do uso da letra h. Na Base III a proposta era analisar a homofonia de algumas consoantes como: s, ss, ch, x etc. Na Base IV o estudo se deu a partir do desaparecimento de algumas consoantes que caíram em desuso pela força do uso. Na base V o estudo foi norteado pelas vogais orais. Na Base VI a análise foi feita sobre as vogais nasais e na Base VII a discussão se deu em torno dos ditongos.
            Para subsidiar tal pesquisa o material utilizado foi o novo Acordo ortográfico 2008 e gramáticas normativas do ensino médio.
            Com isso o que se espera é que este trabalho sirva de subsídios para pesquisas futuras acerca do assunto.
O mundo está em intenso processo de transformação. E o homem está sempre à procura de mais. Nunca está satisfeito com o que possui. Esse turbilhão de mudanças atinge todos os setores da nossa vida.
            Com o Brasil isso não é diferente. É um país de terceiro mundo que a todo custo está tentando se pôr entre os outros países mais desenvolvidos. Isso pode gerar certa insegurança.
            Portugal é um país da Europa. Muito pequeno em relação ao Brasil, não possui uma das melhores economias. A partir do momento que vê seu império ameaçado por um país emergente como o Brasil, a todo o custo tenta pelo menos igualá-lo a seu status.
            Brasil, Portugal, Cabo Verde entre outros países africanos têm como língua oficial o português. Em cada país desse grupo, o português é falado de uma maneira diferente. As diversidades que existem em cada dialeto é muito grande.  
            Esses países já passaram por diversas mudanças ortográficas, que em nada igualaram os idiomas. Em 2008 esses países começaram a passar por mais um processo que garante a unificação da língua, o novo Acordo ortográfico 2008.
            O Acordo Ortográfico vem para tornar os dialetos mais próximos. E confundir cada vez mais uma língua cheia de regras e exceções.
            No presente artigo tentaremos analisar a questão dos grafemas consonânticos e vocálicos no novo acordo ortográfico, fazendo um estudo que abrange da Base I à Base VII.
            Na base I, a discussão gira em torno do alfabeto. Fica decidido, que o alfabeto após a mudança passará a ter 26 letras ao invés de 23, isto é, reconhecendo como letras deste alfabeto as estrangeiras K, W e Y.
            Estas serão utilizadas nos seguintes casos:


a) Em antropónimos/antropônimos originários de outras línguas e seus derivados: Franklin, frankliano; Kant, kantismo; Darwin, darwinismo [...];
b) Em topónimos/topônimos originários de outras línguas e seus derivados: Kwanza; Kwuait, Kuwaitiano [...];
c) Em siglas, símbolos e mesmo em palavras dotadas como unidades de medida de curso internacional: TWA, [...], W – oeste (West); Kg quilograma [...]. (Acordo ortográfico 2008, p. 01). 


            No primeiro e segundo parágrafos da Base I, a proposta é acrescentar algumas letras ao alfabeto, que já são utilizadas com frequência em palavras de origem estrangeira, por esse motivo não sofreram nenhuma mudança.   
            O intuito desse acréscimo é tornar declarado um fenômeno que vem ocorrendo há bastante tempo, o caso dos estrangeirismos. Na era da tecnologia em que vivemos essas palavras ganharam espaço em nosso idioma e até sentidos “aportuguesados”.   
            No terceiro, quarto e quinto parágrafo, em consonância aos parágrafos anteriores, a proposta ainda é analisar o uso dos nomes estrangeiros em nossa língua, o que mudou e o continuou por causa do “aportuguesamento”.  
            Na Base II a questão dos grafemas consonânticos passa a ser discutida com maior intensidade. O primeiro aspecto a ser argumentado é o uso da letra “h”:


1º) O h inicial emprega-se:
a) Por força da etimologia: haver, hélice, hera, hoje [...];
b) Em virtude da adoção convencional: hã? heim! [...];
2º) O h inicial suprime-se:
a) Quando apesar da etimologia, a sua supressão está inteiramente consagrada pelo uso: erva, em vez de herva [...];
b) Quando por via de composição, passa a interior e o elemento em que figura se aglutina ao precedente: biebdomadário, desarmonia [...];
3º) O h inicial mantêm-se [...] quando numa palavra composta, pertence a um elemento que está ligado o anterior por meio de hífen: anti-higiénico/anti-higiênico. [...];
4º) O h final emprega-se em: interjeições: ah! oh! (Acordo ortográfico 2008, p. 02 e 03).   


            O h é uma consoante muda, ou seja, o som não é expresso, por isso o seu uso é tão discutido. No decorrer do tempo, em meio a tantas mudanças ortográficas, ele vem passando por algumas modificações. Conforme a sua evolução histórica alguns aspectos da língua passaram a ser incorporados em seu uso e outros abolidos, é o que chamamos de etimologia como, por exemplo, as palavras iniciadas por h em algum momento da sua história não possuíam e por força da tradição oral adquiriram como é o caso também das palavras exclamativas com h no final: ah! É o mesmo caso da abolição de grafemas, com o uso foram excluídas, e isso ocorre em toda a família da palavra. Em outros casos há aglutinação, isto é, palavras compostas passam a ser única, em contra partida outras permanecem obedecendo alguma regra da ortografia, continuam compostas como é o caso de: pré-história.  
            Na Base III a reforma passa a tratar sobre a homofonia de alguns grafemas consonânticos:


1º) Distinção gráfica entre ch e x: achar, archote, bucha, capacho [...] ameixa, anexim, baixei, baixo [...].
2º) Distinção gráfica entre g, com valor de fricativa palatal, e j: adágio, alfageme, Álgebra, [...] adjetivo, ajeitar, [...], canjerê [...].
3º) Distinção gráfica entre as letras s, ss, c, ç e x, que representam sibilantes surdas: ânsia, ascensão, [...] sisa, [...] abadessa, acossar, amassar, [...] acém, acervo, alicerce, [...] açafate, açorda, açúcar, [...] auxílio, Maximiliano, Maximino [...].
4º) Distinção gráfica entre s de fim de sílaba (inicial ou interior) e x e z com idêntico valor fónico/fônico: adestrar, Calisto, escusar, esdrúxulo, esgotar, [...] extensão, explicar, [...] capazmente, infelizmente, velozmente.
5ª) Distinção gráfica entre s final de palavra e x e z com idêntico valor fónico/fônico: aguarrás, aliás, anis, [...] cálix, Félix, Fénix flux [...] assaz, arroz, avestruz [...].
6º) Distinção gráfica entre as letras interiores s, x e z, que representam sibilantes sonoras: aceso, analisar, anestesia, [...] exalar, exemplo, exibir, [...] abalizado, alfazema, Arcozelo, [...]. (Acordo ortográfico 2008, p. 03, 04  e 05). 


            Na grafia dos homófonos ocorre algo bem comum, que são palavras que tem o mesmo som de outras palavras, mas com grafias diferentes. Devido à variedade, a tarefa se torna algo difícil de catalogar. No primeiro caso temos como exemplo as palavras escritas com x e ch. O x funciona como som de [x] quando: aparece depois de ditongos: caixa; depois das sílabas iniciais (me-): mexer, (la-): laxante, depois de (li-), (lu-), (grã-) e (bru-): bruxa; depois de (en-) inicial: enxada. E em palavras derivadas de palavras escritas com x: relaxar (vem de laxar).   Os casos que se grafam com ch: nos sufixos: (-acho), (-achão), (-icho) e (-ucho): cambalacho, bonachão, rabicho e cartucho; depois de (-n): concha; nos derivados de palavras que já contenham ch: aconchegar (chegar). 
            As palavras grafadas com g com som de [j] ocorrem em sufixos como: (-agem), (-igem), (ugem): fuligem, ferrugem; nas terminações (-gio), (-gia): colégio, magia; (-ágio), (-égio), (-ígio), (-ógio), (úgio); (-ege), (-igem) e (-ugem): herege, origem, ferrugem; nos verbos terminados em (–ger), (-gir): eleger, agir. No caso da grafia das palavras com j ocorrem em palavras em tupi guarani ou africana como: pajé, canjica; e nos verbos terminados em (-jar) e (-jear): viajar e gorjear; nas terminações (–aje): laje; nos derivados de palavras que tenham j em seu radical: laranjeira (laranja).
            Quanto às palavras escritas com s, ss, c, ç e x com som de [s], representam as sibilantes, ou fricativas alveolares surdas. No caso das palavras escritas com s: os substantivos derivados dos verbos terminados em: (ergir), (erter), (pelir): emergir (imersão), inverter (inversão), repelir (repulsa); no sufixo (-ense): fluminense. As grafadas com ss são: os substantivos derivados dos verbos terminados em: (ceder), (gredir), (primir), (tir): ceder (cessão), agredir (agressão), exprimir (expressão), permitir (permissão); em nomes relacionados a verbos cujos radicais terminam em (-gred), (-ced), (-met), (-prim) e verbos terminados em (-tir): regredir (regressão), interceder (interssão), intrometer (intromissão), oprimir (opressão), repercutir (repercussão); e as que possuem sufixo ou verbos terminados em uir: possuir. No caso das com c ocorre, quando for possível a correlação ND – NS: ascender – ascensão; depois de ditongos: foice. As grafadas com ç: em palavras tupi guarani e africana: açaí, paçoca; nos derivados do verbo ter: detenção; em sufixos como: barcaça; é usado no sufixo ção, que é formador de substantivo a partir de verbo: intuir (intuição). As palavras com x ocorrem em vocábulos iniciados pela letra e, seguida de x mais uma consoante: exceção, excelente, expandir.
            As palavras grafadas com s, x e z que têm o mesmo som, são as grafadas com s no inicio das silabas ou no interior das mesmas. Porém, existem algumas exceções: as palavras que possuem a grafia com x = s, perderão o x e passaram a usar s, quando forem precedidas de i ou u, como é caso de justapor, misto. Uma outra exceção é que somente os advérbios terminados em mente admitem a grafia com z com valor de s, em final de sílaba seguida de outra consoante, do contrário o s substitui o z.
            As palavras grafadas com s, x e z que têm som de [z] são as que têm sons sibilantes sonoros, ou seja, fricativas alveolares sonoras. As com s: são as que representam adjetivos que indicam origem como: burguês, francês e inglês. Que fazem desinências de feminino em esa/isa: baronesa, poetisa, sacerdotisa. Os adjetivos terminados em oso (a): aquoso (a), meloso (a), jeitoso (a). As que ocorrem depois de ditongos como: causa, coisa. Nos substantivos derivados dos verbos terminados em: ender – defender (defesa). Nos verbos terminados em s: paralisar (paraliso). E nos diminutivos com radicais em s: país (paisinho). As palavras grafadas com x ocorrem em vocábulos iniciados pela letra e, e após o x uma vogal, e seus derivados: exame, exército, exercício. As palavras grafadas com z ocorrem: nos substantivos abstratos derivados de adjetivos terminados em (-ez) ou (–eza): beleza, realeza, altivez. Nos verbos terminados em (-zer), (-zir) e (-izar) que não são derivados de palavras primitivas com s: fazer, franzir, (deslize – deslizar), com exceção de: catequese – catequizar; batismo – batizar e etc. Nos aumentativos ou diminutivos: copázio, papelzinho, homenzarrão. E nas desinências (-triz): embaixatriz.    
            Na Base IV o estudo se volta para as sequências consonânticas, onde se analisa o c com valor de oclusiva velar (cc), (cç) e (ct) e o p de sequências interiores como: (pc), (pç) e (pt) que em casos se eliminam e em outros se conservam. 
            Em alguns casos eles se conversam para manter o padrão da língua culta e em outros eles excluem também para manter esse padrão. Conforme o Acordo ortográfico (2008, p. 05 e 06) os grafemas:
a) Conservam-se nos casos em que são invariavelmente proferidos nas pronúncias cultas da língua: compacto, convicção, [...] ficção, [...] adepto, [...] erupção, [...] núpcias [...].
b) Eliminam-se nos casos em que são invarialmente mudos nas pronúncias cultas da língua: ação, acionar, afetivo, [...] coleção, direção, [...] adotar [...].
c) Conservam-se ou eliminam-se, facultativamente, quando se proferem numa pronúncia culta [...] ou então quando oscilam entre a prolação e o emudecimento: aspecto e aspecto, [...] facto e fato [...].
d) Quando, nas sequências interiores mpc, mpç e mpt se eliminam o p [...] o m passa a n, escrevendo-se [...] nc, nç e nt: assumpcionista e assuncionista; [...] peremptório e perentório [...]. 
e) Conservam-se ou eliminam-se, facultativamente [...]: o b da sequência bd, em súbdito; o b d sequência bt, em subtil e seus derivados; o g da sequência gd, em amígdala, [...]. 

         
            No estudo dessa Base o que fica explicito é que em alguns casos as letras conservam-se por já ter caído no uso culto e popular, isto é, o homem já condicionou a sua escrita a esse modelo, se caíssem em desuso já faria falta. Já em outros casos a eliminação, não faz diferença na forma de grafar, isto é, já não faziam falta ao entendimento da palavra, mesmo por que já não eram aparentes, eram mudas. Em outro caso a mudança é mais radical, ocorre à troca de duas letras por outra, isto é, o par consonântico modifica-se. Ex: sumptuoso – suntuoso, o m e o p, desaparecem para darem lugar ao n que agora formará par com o t, e isso ocorre também com mpç e mpt que dão lugar a nç e a nt. E no último caso, ocorre mais um uso facultativo, pelos mesmos aspectos já apresentados. Ex: o m da sequência mn, em amnistia.    
            Nas Bases V e VI o estudo feito é com relação as vogais átonas e nasais. Na Base V o estudo se enfoca no uso das vogais átonas e/i e o/u. Segundo o Acordo ortográfico, (2008, p. 06, 07 e 08) fica determinado o seguinte:


1º) O emprego do e do i, assim como do o e do u em silaba tônica, regulam-se pela etimologia e por particularidades [...]:
a) Com e e i: ameaça, antecipar [...] ameixial, Ameixieira, [...] Dinis, [...] Filipe [...].
b) Com o e u: abolir [...] mágoa, névoa, [...] água, aluvião, [...] régua, tábua [...].
2º) Há [...] alguns casos em que o uso dessas vogais pode ser facilmente sistematizado [...]:
a) Escrevem-se com e, e não com i, antes da silaba tónica/tônica, os substantivos e adjetivos que procedem de substantivos terminados em –elo e –ela, ou com eles estão em relação direta [...]: aldeão, aldeola [...].
b) Escrevem-se igualmente com e, antes de vogal ou ditongo da silaba tónica/tônica, os derivados de palavras que terminam em e acentuado (o qual pode representar um antigo hiato: ea, ee): galeão, galeota, galeote, de galé [...].
c) Escrevem-se com i, e não com e, antes de sílaba tónica/tônica, os adjetivos e substantivos derivados em que entram os sufixos mistos de formação vernácula –iano e – iense [...] açoriano, acriano (de Acre) [...].
d) Uniformizam-se com as terminações –io e –ia (átonas), em vez de –eo e –ea, os substantivos que constituem variações, obtidos por ampliação, de outros substantivos terminados vogal: cúmio (popular), de cume; [...].
e) Os verbos em –ear podem distinguir-se praticamente, [...] dos verbos em –iar, quer pela formação, quer pela conjugação e formação ao mesmo tempo [...] estão no primeiro caso todos os verbos que se prendem a substantivos em –elo ou –eia [...]: aldear, por aldeia; [...]. Estão no segundo caso todos os verbos que têm normalmente flexões rizotónicas/rizotônicas em –cio, -eias, etc.: clarear [...].
f) Não é licito o emprego do u final átono em palavras de origem latina. [...]: moto, em vez de mótu [...].
g) Os verbos em –oar distinguem-se praticamente dos verbos em –uar pela sua conjugação nas formas rizotónicas/rizotônicas, que têm sempre o na sílaba acentuada: abençoar com o, como abençôo, etc.; [...].


            O estudo das vogais e e i, assim como de o e u em sílabas átonas, ocorrem por causa da etimologia das palavras, isto é, do seu desenvolvimento ao longo da história e por peculiaridades variadas. Como ocorre no primeiro caso mostrado em a) e b), as palavras grafam-se desta maneira por força da história da língua. Ex: ameaça, amealhar etc. Abolir, borboleta, cobiça etc. A única maneira de aprendizagem dessas palavras é a consulta assídua de vocabulários e dicionários. Já no segundo caso mostrado, algumas palavras podem ser catalogadas em regras. Como é o caso das palavras: aldeão, aldeola, aldeota por aldeia. O e ocorre e não o i, por vir antes de sílaba tônica, e por se tratar de substantivos ou adjetivos terminados em –elo ou –eia. Uma outra regra é: para grafar-se com e, essa letra precisa está precedendo vogal ou ditongo de sílaba tônica, e ser derivada de palavra que termina em e acentuado. Ex: galeão, galeota, galeote, de galé. No caso da grafia com i precisa ocorrer antes de silaba tônica, de adjetivo ou substantivo derivado de sufixos -iano e -iense. Ex: camoniano, goisiano, sofocliano etc. Com as terminações –io e –ia ocorre em vez de –eo – e –ea, por se tratar de substantivos que constituem variações, de substantivos terminados em vogal. Com a terminação –ear a distinção com –iar pode ocorrer pela formação e pela conjugação, como caso temos os verbos que se prendem a –elo ou –eia; aldear, alhear etc. Em verbos terminados em – cio, -eias etc.: clarear. Existem, porém algumas exceções: verbos em –iar, ligados as substantivos com terminações -ia ou -io que admitem variações: negoceio ou negocio. Uma outra observação é que em palavras de origem latina, não se admitem grafar u no final da palavra. No último caso os verbos terminados em –oar nas formas rizotônicas tem sempre o na sílaba que leva acento.     
            Na Base VI o estudo gira em torno das vogais nasais. Apresentam em duas regras não muito discutidas:

1º) Quando uma vogal nasal ocorre em fim de palavra, ou em fim de elemento seguida de hífen, representa-se a nasalidade por til, se essa vogal é de timbre a; por m, se possui qualquer timbre e termina a palavra; e por n se é de timbre diverso de a e está seguida de s: afã, [...] clarim, [...] flautins [...].  
2º) Os vocábulos terminados em -ã transmitem esta representação do a nasal aos advérbios em –mente que deles se formem, assim como a derivados em que entrem sufixos iniciados por z: cristãmente, [...] manhãzinha [...].  (Acordo ortográfico 2008, p. 08). 
  

            O uso da nasalidade nas palavras é pouco discutido e também com poucos casos. Na primeira regra fica estipulado que se a vogal nasal a estiver em fim de palavra ou seguida de hífen, será representada por til. Entretanto, se terminar a palavra sem timbre definido, usa-se m para marcar a nasalidade. A nasalidade será marcada por n se não possui timbre a e se estiver seguida de s. No segundo caso a nasalidade ã é transmitida a advérbios terminados em mente e a derivados que tenham sufixos iniciados por z.
            A última Base a ser analisada é a VII, essa estuda o emprego dos ditongos. Conforme o Acordo ortográfico (2008, p. 07, 08 e 09) fica determinado seguinte:


1º) Os ditongos orais [...] distribuem-se por dois grupos [...] conforme o segundo elemento do ditongo é representado por i ou u: ai, ei, éi, ui; au, eu, eu, iu, ou: braçais, caixote, deveis [...].
2º) Cumpre fixar [...] os seguintes preceitos particulares:
a) É o ditongo grafado ui, e não seqüência vocálica grafada ue, que se emprega nas formas de 2ª e 3ª pessoas do singular do presente do indicativo e igualmente na da 2ª pessoa do singular do imperativo dos verbos em –uir: constituis, influis [...].
b) É o ditongo grafado ui que representa sempre, em palavras de origem latina, a união de um u a um i átono seguinte. [...]: fluídico, fluidez [...].
c) Além dos ditongos orais [...] os quais são todos decrescentes, admite-se, [...] a existência de ditongos crescentes. Podem considerar-se [...] as sequências vocálicas pós-tónicas/pós-tónicas, [...] ea, eo, ia, ie, io, oa, ua, ue, uo: áureas, áureo, calúnia [...].
3º Os ditongos nasais, que na sua maioria tanto podem ser tônicos/tônicos como átonos, pertencem graficamente a dois tipos fundamentais: ditongos representados por vogal com til e semivogal; ditongos representados por uma vogal seguida da consoante nasal m. [...].
a) Os ditongos [...] considerando-se apenas a língua padrão contemporânea: ãe (usados em vocábulos oxítonos e derivados), ãi (usado em vocábulos anoxítonos e derivados, ao e õe. Exemplos: cães, Guimarães, mãe, mãezinha [...].
b) Os ditongos representados por uma vogal seguida da consoante nasal m são dois: am e em. [...].
i) am (sempre átono) só se emprega em flexões verbais: amam. [...].
ii) em (tônicos/tônicos) emprega-se em palavras de categorias morfológicas diversas, incluindo flexões verbais, e pode apresentar variantes gráficas determinadas pela posição, pela acentuação [...] bem, Bembom, Bemposta [...].


            O que o acordo propõe com relação ao estudo dos ditongos é o seguinte: os ditongos orais tônicos ou átonos dividem-se em dois grupos principais, onde o segundo elemento é i ou ui, ei etc. Com exceção a estes se admitem a grafia de e (âi ou ai) e ao (âu ou au), como em: Caetano, caetaninha; o segundo representa as formas masculinas do artigo ou pronome demonstrativo o, ao e aos. No artigo segundo, em primeira instância é analisado o uso do ditongo eu, diferentemente da forma eu grafada nas formas verbais de 2ª e 3ª pessoas do singular do presente e 2ª pessoa do singular do imperativo dos verbos em uir. Na opção b o ditongo ui que representa palavras de origem latina, em seus derivados que apresentam ui se separam. Fluido-fluídico. Enquanto que na seguinte a discussão gira em torno dos ditongos decrescentes e crescentes: calúnia, espécie, exímio etc. No artigo três a discussão volta a questão da nasalidade, só que dos ditongos, que pertencem dois tipos; um representado por vogal com til e semivogal e outro representado por vogal seguida de consoante nasal m. No primeiro aspecto o acordo vem mostrar os quatro tipos de ditongos representados por vogal com til e semivogal: ãe usado nas oxítonas e derivados; ãi usado em axítonas e derivados; ão e õe. Em seguida no estudo dos ditongos representados por vogal seguida de consoante nasal m têm-se dois representantes: am e em. Am átono só é usado em flexões verbais; em – tônico ou átono emprega-se em palavras de categorias diversas, incluindo flexões verbais e pode apresentar variantes. 

CONCLUSÃO

O presente artigo teve como propósito analisar a questão dos grafemas vocálicos e consonânticos no novo acordo ortográfico 2008.
Na Base I a análise feita foi acerca da introdução das letras K, W e y no alfabeto oficial. Na Base II a análise feita foi sobre o uso da letra h. Na base III a análise tratou sobre a homofonia de algumas consoantes. Na Base IV o estudo se deu a partir do desaparecimento de algumas consoantes que caíram em desuso pela força do uso. Na Base V o estudo foi norteado pelas vogais orais. Na base VI a análise feita foi sobre as vogais nasais e na Base VII a discussão se deu em torno dos ditongos orais e nasais.
Para finalizar o que se ressalta é que o intuito da reforma ortográfica foi abalar as bases nem tão sólidas da ortografia brasileira. Esse processo de adaptação leva tempo e a problemas não controláveis e o papel do professor é buscar compreender e tentar repassar de maneira clara aos seus alunos.   

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Acordo ortográfico da Língua Portuguesa. In Martins, Vicente. Curso de especialização em Língua Portuguesa e Literatura. Disciplina: Ortografia e o ensino do português. 2009.

     
           







* Texto elaborado a partir estudos feitos sobre o novo Acordo Ortográfico 2008, para critério de avaliação na Disciplina: Ortografia e o Ensino do Português, no Curso de Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA.  
** Graduada em Letras Habilitação em Língua Portuguesa e Suas Respectivas Literaturas pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA.

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