Roberta
Farias Paiva
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo
analisar a questão vocálica e consonântica do Acordo Ortográfico 2008. A preocupação que
norteou esse estudo foi descobrir como ocorre cada mudança e que intuito, essas
tiveram ao reorganizar a ortografia vigente. Para isso o trabalho foi dividido
de acordo com as bases apresentadas para os grafemas vocálicos consonânticos.
Foram sete Bases analisadas, em cada uma a tentativa foi de sorver o essencial.
Na Base I o estudo se deu em torno da incluso a das letras K, W e Y no alfabeto
oficial. Na Base II a análise foi feita em cima do uso da letra h. na Base III
a proposta era analisar a homofonia de algumas consoantes. Na base IV o estudo
se deu a partir do desaparecimento de algumas consoantes, porque caíram em desuso. Na Base
V o estudo foi norteado pelas vogais nasais e na Base VII a discussão se deu em
torno dos ditongos. Para a compreensão do trabalho o material utilizado foi:
gramáticas normativas e a nova reforma ortográfica 2008. A partir do que foi
apresentado o que se espera é que essa reforma além de mudanças drásticas,
também traga mudanças vindouras.
Palavras-chave:
Ortografia. Acordo
ortográfico. Grafemas vocálicos consonânticos.
INTRODUÇÃO
O
presente trabalho consistirá em uma análise do novo Acordo ortográfico 2008. E
para melhor compreensão o estudo foi analisado conforme as divisões das Bases que
analisavam a questão dos grafemas vocálicos e consonânticos.
Na
Base I o estudo se deu em torno da inclusão das letras K, W e Y no alfabeto
oficial e como os estrangeirismos serão tratados a partir de agora. Na Base II
a análise foi feita em cima do uso da letra h. Na Base III a proposta era
analisar a homofonia de algumas consoantes como: s, ss, ch, x etc. Na Base IV o
estudo se deu a partir do desaparecimento de algumas consoantes que caíram em
desuso pela força do uso. Na base V o estudo foi norteado pelas vogais orais.
Na Base VI a análise foi feita sobre as vogais nasais e na Base VII a discussão
se deu em torno dos ditongos.
Para
subsidiar tal pesquisa o material utilizado foi o novo Acordo ortográfico 2008
e gramáticas normativas do ensino médio.
Com
isso o que se espera é que este trabalho sirva de subsídios para pesquisas
futuras acerca do assunto.
O mundo está em intenso
processo de transformação. E o homem está sempre à procura de mais. Nunca está
satisfeito com o que possui. Esse turbilhão de mudanças atinge todos os setores
da nossa vida.
Com
o Brasil isso não é diferente. É um país de terceiro mundo que a todo custo
está tentando se pôr entre os outros países mais desenvolvidos. Isso pode gerar
certa insegurança.
Portugal
é um país da Europa. Muito pequeno em relação ao Brasil, não possui uma das
melhores economias. A partir do momento que vê seu império ameaçado por um país
emergente como o Brasil, a todo o custo tenta pelo menos igualá-lo a seu status.
Brasil,
Portugal, Cabo Verde entre outros países africanos têm como língua oficial o
português. Em cada país desse grupo, o português é falado de uma maneira
diferente. As diversidades que existem em cada dialeto é muito grande.
Esses
países já passaram por diversas mudanças ortográficas, que em nada igualaram os
idiomas. Em 2008 esses países começaram a passar por mais um processo que
garante a unificação da língua, o novo Acordo ortográfico 2008.
O
Acordo Ortográfico vem para tornar os dialetos mais próximos. E confundir cada
vez mais uma língua cheia de regras e exceções.
No
presente artigo tentaremos analisar a questão dos grafemas consonânticos e
vocálicos no novo acordo ortográfico, fazendo um estudo que abrange da Base I à
Base VII.
Na
base I, a discussão gira em torno do alfabeto. Fica decidido, que o alfabeto após
a mudança passará a ter 26 letras ao invés de 23, isto é, reconhecendo como
letras deste alfabeto as estrangeiras K, W e Y.
Estas
serão utilizadas nos seguintes casos:
a) Em
antropónimos/antropônimos originários de outras línguas e seus derivados:
Franklin, frankliano; Kant, kantismo; Darwin, darwinismo [...];
b) Em topónimos/topônimos
originários de outras línguas e seus derivados: Kwanza; Kwuait, Kuwaitiano
[...];
c) Em siglas, símbolos e
mesmo em palavras dotadas como unidades de medida de curso internacional: TWA,
[...], W – oeste (West); Kg quilograma [...]. (Acordo ortográfico 2008, p.
01).
No
primeiro e segundo parágrafos da Base I, a proposta é acrescentar algumas
letras ao alfabeto, que já são utilizadas com frequência em palavras de origem
estrangeira, por esse motivo não sofreram nenhuma mudança.
O
intuito desse acréscimo é tornar declarado um fenômeno que vem ocorrendo há bastante
tempo, o caso dos estrangeirismos. Na era da tecnologia em que vivemos essas
palavras ganharam espaço em nosso idioma e até sentidos “aportuguesados”.
No
terceiro, quarto e quinto parágrafo, em consonância aos parágrafos anteriores,
a proposta ainda é analisar o uso dos nomes estrangeiros em nossa língua, o que
mudou e o continuou por causa do “aportuguesamento”.
Na
Base II a questão dos grafemas consonânticos passa a ser discutida com maior intensidade.
O primeiro aspecto a ser argumentado é o uso da letra “h”:
1º) O h inicial emprega-se:
a) Por força da etimologia: haver,
hélice, hera, hoje [...];
b) Em virtude da adoção
convencional: hã? heim! [...];
2º) O h inicial suprime-se:
a) Quando apesar da
etimologia, a sua supressão está inteiramente consagrada pelo uso: erva, em vez
de herva [...];
b) Quando por via de
composição, passa a interior e o elemento em que figura se aglutina ao
precedente: biebdomadário, desarmonia [...];
3º) O h inicial mantêm-se
[...] quando numa palavra composta, pertence a um elemento que está ligado o
anterior por meio de hífen: anti-higiénico/anti-higiênico. [...];
4º) O h final emprega-se em:
interjeições: ah! oh! (Acordo ortográfico 2008, p. 02 e 03).
O
h é uma consoante muda, ou seja, o som não é expresso, por isso o seu uso é tão
discutido. No decorrer do tempo, em meio a tantas mudanças ortográficas, ele
vem passando por algumas modificações. Conforme a sua evolução histórica alguns
aspectos da língua passaram a ser incorporados em seu uso e outros abolidos, é
o que chamamos de etimologia como, por exemplo, as palavras iniciadas por h em
algum momento da sua história não possuíam e por força da tradição oral adquiriram
como é o caso também das palavras exclamativas com h no final: ah! É o mesmo
caso da abolição de grafemas, com o uso foram excluídas, e isso ocorre em toda
a família da palavra. Em outros casos há aglutinação, isto é, palavras
compostas passam a ser única, em contra partida outras permanecem obedecendo
alguma regra da ortografia, continuam compostas como é o caso de: pré-história.
Na
Base III a reforma passa a tratar sobre a homofonia de alguns grafemas consonânticos:
1º) Distinção gráfica entre
ch e x: achar, archote, bucha, capacho [...] ameixa, anexim, baixei, baixo
[...].
2º) Distinção gráfica entre
g, com valor de fricativa palatal, e j: adágio, alfageme, Álgebra, [...]
adjetivo, ajeitar, [...], canjerê [...].
3º) Distinção gráfica entre
as letras s, ss, c, ç e x, que representam sibilantes surdas: ânsia, ascensão,
[...] sisa, [...] abadessa, acossar, amassar, [...] acém, acervo, alicerce,
[...] açafate, açorda, açúcar, [...] auxílio, Maximiliano, Maximino [...].
4º) Distinção gráfica entre
s de fim de sílaba (inicial ou interior) e x e z com idêntico valor
fónico/fônico: adestrar, Calisto, escusar, esdrúxulo, esgotar, [...] extensão,
explicar, [...] capazmente, infelizmente, velozmente.
5ª) Distinção gráfica entre
s final de palavra e x e z com idêntico valor fónico/fônico: aguarrás, aliás,
anis, [...] cálix, Félix, Fénix flux [...] assaz, arroz, avestruz [...].
6º) Distinção gráfica entre
as letras interiores s, x e z, que representam sibilantes sonoras: aceso,
analisar, anestesia, [...] exalar, exemplo, exibir, [...] abalizado, alfazema,
Arcozelo, [...]. (Acordo ortográfico 2008, p. 03, 04 e 05).
Na
grafia dos homófonos ocorre algo bem comum, que são palavras que tem o mesmo
som de outras palavras, mas com grafias diferentes. Devido à variedade, a
tarefa se torna algo difícil de catalogar. No primeiro caso temos como exemplo
as palavras escritas com x e ch. O x funciona como som de [x] quando: aparece
depois de ditongos: caixa; depois das sílabas iniciais (me-): mexer, (la-):
laxante, depois de (li-), (lu-), (grã-) e (bru-): bruxa; depois de (en-)
inicial: enxada. E em palavras derivadas de palavras escritas com x: relaxar
(vem de laxar). Os casos que se grafam com ch: nos sufixos:
(-acho), (-achão), (-icho) e (-ucho): cambalacho, bonachão, rabicho e cartucho;
depois de (-n): concha; nos derivados de palavras que já contenham ch: aconchegar
(chegar).
As
palavras grafadas com g com som de [j] ocorrem em sufixos como: (-agem),
(-igem), (ugem): fuligem, ferrugem; nas terminações (-gio), (-gia): colégio,
magia; (-ágio), (-égio), (-ígio), (-ógio), (úgio); (-ege), (-igem) e (-ugem):
herege, origem, ferrugem; nos verbos terminados em (–ger), (-gir): eleger, agir.
No caso da grafia das palavras com j ocorrem em palavras em tupi guarani ou
africana como: pajé, canjica; e nos verbos terminados em (-jar) e (-jear):
viajar e gorjear; nas terminações (–aje): laje; nos derivados de palavras que
tenham j em seu radical: laranjeira (laranja).
Quanto
às palavras escritas com s, ss, c, ç e x com som de [s], representam as
sibilantes, ou fricativas alveolares surdas. No caso das palavras escritas com
s: os substantivos derivados dos verbos terminados em: (ergir), (erter),
(pelir): emergir (imersão), inverter (inversão), repelir (repulsa); no sufixo
(-ense): fluminense. As grafadas com ss são: os substantivos derivados dos
verbos terminados em: (ceder), (gredir), (primir), (tir): ceder (cessão),
agredir (agressão), exprimir (expressão), permitir (permissão); em nomes relacionados
a verbos cujos radicais terminam em (-gred), (-ced), (-met), (-prim) e verbos
terminados em (-tir): regredir (regressão), interceder (interssão), intrometer
(intromissão), oprimir (opressão), repercutir (repercussão); e as que possuem
sufixo ou verbos terminados em uir: possuir. No caso das com c ocorre, quando
for possível a correlação ND – NS: ascender – ascensão; depois de ditongos:
foice. As grafadas com ç: em palavras tupi guarani e africana: açaí, paçoca; nos
derivados do verbo ter: detenção; em sufixos como: barcaça; é usado no sufixo
ção, que é formador de substantivo a partir de verbo: intuir (intuição). As
palavras com x ocorrem em vocábulos iniciados pela letra e, seguida de x mais
uma consoante: exceção, excelente, expandir.
As
palavras grafadas com s, x e z que têm o mesmo som, são as grafadas com s no
inicio das silabas ou no interior das mesmas. Porém, existem algumas exceções:
as palavras que possuem a grafia com x = s, perderão o x e passaram a usar s,
quando forem precedidas de i ou u, como é caso de justapor, misto. Uma outra
exceção é que somente os advérbios terminados em mente admitem a grafia com z
com valor de s, em final de sílaba seguida de outra consoante, do contrário o s
substitui o z.
As
palavras grafadas com s, x e z que têm som de [z] são as que têm sons
sibilantes sonoros, ou seja, fricativas alveolares sonoras. As com s: são as
que representam adjetivos que indicam origem como: burguês, francês e inglês.
Que fazem desinências de feminino em esa/isa: baronesa, poetisa, sacerdotisa.
Os adjetivos terminados em oso (a): aquoso (a), meloso (a), jeitoso (a). As que
ocorrem depois de ditongos como: causa, coisa. Nos substantivos derivados dos
verbos terminados em: ender – defender (defesa). Nos verbos terminados em s: paralisar
(paraliso). E nos diminutivos com radicais em s: país (paisinho). As palavras
grafadas com x ocorrem em vocábulos iniciados pela letra e, e após o x uma
vogal, e seus derivados: exame, exército, exercício. As palavras grafadas com z
ocorrem: nos substantivos abstratos derivados de adjetivos terminados em (-ez)
ou (–eza): beleza, realeza, altivez. Nos verbos terminados em (-zer), (-zir) e
(-izar) que não são derivados de palavras primitivas com s: fazer, franzir, (deslize
– deslizar), com exceção de: catequese – catequizar; batismo – batizar e etc.
Nos aumentativos ou diminutivos: copázio, papelzinho, homenzarrão. E nas
desinências (-triz): embaixatriz.
Na
Base IV o estudo se volta para as sequências consonânticas, onde se analisa o c
com valor de oclusiva velar (cc), (cç) e (ct) e o p de sequências interiores
como: (pc), (pç) e (pt) que em casos se eliminam e em outros se conservam.
Em
alguns casos eles se conversam para manter o padrão da língua culta e em outros
eles excluem também para manter esse padrão. Conforme o Acordo ortográfico
(2008, p. 05 e 06) os grafemas:
a) Conservam-se nos casos em
que são invariavelmente proferidos nas pronúncias cultas da língua: compacto,
convicção, [...] ficção, [...] adepto, [...] erupção, [...] núpcias [...].
b) Eliminam-se nos casos em
que são invarialmente mudos nas pronúncias cultas da língua: ação, acionar,
afetivo, [...] coleção, direção, [...] adotar [...].
c) Conservam-se ou
eliminam-se, facultativamente, quando se proferem numa pronúncia culta [...] ou
então quando oscilam entre a prolação e o emudecimento: aspecto e aspecto,
[...] facto e fato [...].
d) Quando, nas sequências
interiores mpc, mpç e mpt se eliminam o p [...] o m passa a n, escrevendo-se
[...] nc, nç e nt: assumpcionista e assuncionista; [...] peremptório e
perentório [...].
e) Conservam-se ou
eliminam-se, facultativamente [...]: o b da sequência bd, em súbdito; o b d
sequência bt, em subtil e seus derivados; o g da sequência gd, em amígdala,
[...].
No
estudo dessa Base o que fica explicito é que em alguns casos as letras
conservam-se por já ter caído no uso culto e popular, isto é, o homem já
condicionou a sua escrita a esse modelo, se caíssem em desuso já faria falta. Já
em outros casos a eliminação, não faz diferença na forma de grafar, isto é, já
não faziam falta ao entendimento da palavra, mesmo por que já não eram
aparentes, eram mudas. Em outro caso a mudança é mais radical, ocorre à troca
de duas letras por outra, isto é, o par consonântico modifica-se. Ex: sumptuoso
– suntuoso, o m e o p, desaparecem para darem lugar ao n que agora formará par
com o t, e isso ocorre também com mpç e mpt que dão lugar a nç e a nt. E no
último caso, ocorre mais um uso facultativo, pelos mesmos aspectos já
apresentados. Ex: o m da sequência mn, em amnistia.
Nas
Bases V e VI o estudo feito é com relação as vogais átonas e nasais. Na Base V
o estudo se enfoca no uso das vogais átonas e/i e o/u. Segundo o Acordo
ortográfico, (2008, p. 06, 07 e 08) fica determinado o seguinte:
1º) O emprego do e do i,
assim como do o e do u em silaba tônica, regulam-se pela etimologia e por
particularidades [...]:
a) Com e e i: ameaça,
antecipar [...] ameixial, Ameixieira, [...] Dinis, [...] Filipe [...].
b) Com o e u: abolir [...]
mágoa, névoa, [...] água, aluvião, [...] régua, tábua [...].
2º) Há [...] alguns casos em
que o uso dessas vogais pode ser facilmente sistematizado [...]:
a) Escrevem-se com e, e não
com i, antes da silaba tónica/tônica, os substantivos e adjetivos que procedem
de substantivos terminados em –elo e –ela, ou com eles estão em relação direta
[...]: aldeão, aldeola [...].
b) Escrevem-se igualmente
com e, antes de vogal ou ditongo da silaba tónica/tônica, os derivados de
palavras que terminam em e acentuado (o qual pode representar um antigo hiato:
ea, ee): galeão, galeota, galeote, de galé [...].
c) Escrevem-se com i, e não
com e, antes de sílaba tónica/tônica, os adjetivos e substantivos derivados em
que entram os sufixos mistos de formação vernácula –iano e – iense [...] açoriano,
acriano (de Acre) [...].
d) Uniformizam-se com as
terminações –io e –ia (átonas), em vez de –eo e –ea, os substantivos que
constituem variações, obtidos por ampliação, de outros substantivos terminados
vogal: cúmio (popular), de cume; [...].
e) Os verbos em –ear podem
distinguir-se praticamente, [...] dos verbos em –iar, quer pela formação, quer
pela conjugação e formação ao mesmo tempo [...] estão no primeiro caso todos os
verbos que se prendem a substantivos em –elo ou –eia [...]: aldear, por aldeia;
[...]. Estão no segundo caso todos os verbos que têm normalmente flexões
rizotónicas/rizotônicas em –cio, -eias, etc.: clarear [...].
f) Não é licito o emprego do
u final átono em palavras de origem latina. [...]: moto, em vez de mótu [...].
g) Os verbos em –oar
distinguem-se praticamente dos verbos em –uar pela sua conjugação nas formas
rizotónicas/rizotônicas, que têm sempre o na sílaba acentuada: abençoar com o,
como abençôo, etc.; [...].
O
estudo das vogais e e i, assim como de o e u em sílabas átonas, ocorrem por causa
da etimologia das palavras, isto é, do seu desenvolvimento ao longo da história
e por peculiaridades variadas. Como ocorre no primeiro caso mostrado em a) e b),
as palavras grafam-se desta maneira por força da história da língua. Ex:
ameaça, amealhar etc. Abolir, borboleta, cobiça etc. A única maneira de
aprendizagem dessas palavras é a consulta assídua de vocabulários e
dicionários. Já no segundo caso mostrado, algumas palavras podem ser
catalogadas em regras.
Como é o caso das palavras: aldeão, aldeola, aldeota por
aldeia. O e ocorre e não o i, por vir antes de sílaba tônica, e por se tratar
de substantivos ou adjetivos terminados em –elo ou –eia. Uma outra regra é:
para grafar-se com e, essa letra precisa está precedendo vogal ou ditongo de
sílaba tônica, e ser derivada de palavra que termina em e acentuado. Ex:
galeão, galeota, galeote, de galé. No caso da grafia com i precisa ocorrer
antes de silaba tônica, de adjetivo ou substantivo derivado de sufixos -iano e -iense.
Ex: camoniano, goisiano, sofocliano etc. Com as terminações –io e –ia ocorre em
vez de –eo – e –ea, por se tratar de substantivos que constituem variações, de
substantivos terminados em
vogal. Com a terminação –ear a distinção com –iar pode
ocorrer pela formação e pela conjugação, como caso temos os verbos que se
prendem a –elo ou –eia; aldear, alhear etc. Em verbos terminados em – cio,
-eias etc.: clarear. Existem, porém algumas exceções: verbos em –iar, ligados
as substantivos com terminações -ia ou -io que admitem variações: negoceio ou
negocio. Uma outra observação é que em palavras de origem latina, não se
admitem grafar u no final da palavra. No último caso os verbos terminados em
–oar nas formas rizotônicas tem sempre o na sílaba que leva acento.
Na
Base VI o estudo gira em torno das vogais nasais. Apresentam em duas regras não
muito discutidas:
1º) Quando uma vogal nasal
ocorre em fim de palavra, ou em fim de elemento seguida de hífen, representa-se
a nasalidade por til, se essa vogal é de timbre a; por m, se possui qualquer
timbre e termina a palavra; e por n se é de timbre diverso de a e está seguida
de s: afã, [...] clarim, [...] flautins [...].
2º) Os vocábulos terminados
em -ã transmitem esta representação do a nasal aos advérbios em –mente que deles
se formem, assim como a derivados em que entrem sufixos iniciados por z: cristãmente,
[...] manhãzinha [...]. (Acordo
ortográfico 2008, p. 08).
O
uso da nasalidade nas palavras é pouco discutido e também com poucos casos. Na
primeira regra fica estipulado que se a vogal nasal a estiver em fim de palavra
ou seguida de hífen, será representada por til. Entretanto, se terminar a
palavra sem timbre definido, usa-se m para marcar a nasalidade. A nasalidade
será marcada por n se não possui timbre a e se estiver seguida de s. No segundo
caso a nasalidade ã é transmitida a advérbios terminados em mente e a derivados
que tenham sufixos iniciados por z.
A
última Base a ser analisada é a VII, essa estuda o emprego dos ditongos.
Conforme o Acordo ortográfico (2008, p. 07, 08 e 09) fica determinado seguinte:
1º) Os ditongos orais [...]
distribuem-se por dois grupos [...] conforme o segundo elemento do ditongo é
representado por i ou u: ai, ei, éi, ui; au, eu, eu, iu, ou: braçais, caixote,
deveis [...].
2º) Cumpre fixar [...] os
seguintes preceitos particulares:
a) É o ditongo grafado ui, e
não seqüência vocálica grafada ue, que se emprega nas formas de 2ª e 3ª pessoas
do singular do presente do indicativo e igualmente na da 2ª pessoa do singular
do imperativo dos verbos em –uir: constituis, influis [...].
b) É o ditongo grafado ui
que representa sempre, em palavras de origem latina, a união de um u a um i
átono seguinte. [...]: fluídico, fluidez [...].
c) Além dos ditongos orais
[...] os quais são todos decrescentes, admite-se, [...] a existência de
ditongos crescentes. Podem considerar-se [...] as sequências vocálicas
pós-tónicas/pós-tónicas, [...] ea, eo, ia, ie, io, oa, ua, ue, uo: áureas,
áureo, calúnia [...].
3º Os ditongos nasais, que
na sua maioria tanto podem ser tônicos/tônicos como átonos, pertencem
graficamente a dois tipos fundamentais: ditongos representados por vogal com
til e semivogal; ditongos representados por uma vogal seguida da consoante
nasal m. [...].
a) Os ditongos [...]
considerando-se apenas a língua padrão contemporânea: ãe (usados em vocábulos
oxítonos e derivados), ãi (usado em vocábulos anoxítonos e derivados, ao e õe.
Exemplos: cães, Guimarães, mãe, mãezinha [...].
b) Os ditongos representados
por uma vogal seguida da consoante nasal m são dois: am e em. [...].
i) am (sempre átono) só se
emprega em flexões verbais: amam. [...].
ii) em (tônicos/tônicos)
emprega-se em palavras de categorias morfológicas diversas, incluindo flexões
verbais, e pode apresentar variantes gráficas determinadas pela posição, pela
acentuação [...] bem, Bembom, Bemposta [...].
O
que o acordo propõe com relação ao estudo dos ditongos é o seguinte: os
ditongos orais tônicos ou átonos dividem-se em dois grupos principais, onde o
segundo elemento é i ou ui, ei etc. Com exceção a estes se admitem a grafia de
e (âi ou ai) e ao (âu ou au), como em: Caetano, caetaninha; o segundo
representa as formas masculinas do artigo ou pronome demonstrativo o, ao e aos.
No artigo segundo, em primeira instância é analisado o uso do ditongo eu,
diferentemente da forma eu grafada nas formas verbais de 2ª e 3ª pessoas do
singular do presente e 2ª pessoa do singular do imperativo dos verbos em uir. Na opção b o ditongo
ui que representa palavras de origem latina, em seus derivados que apresentam
ui se separam. Fluido-fluídico. Enquanto que na seguinte a discussão gira em
torno dos ditongos decrescentes e crescentes: calúnia, espécie, exímio etc. No artigo
três a discussão volta a questão da nasalidade, só que dos ditongos, que pertencem
dois tipos; um representado por vogal com til e semivogal e outro representado
por vogal seguida de consoante nasal m. No primeiro aspecto o acordo vem
mostrar os quatro tipos de ditongos representados por vogal com til e
semivogal: ãe usado nas oxítonas e derivados; ãi usado em axítonas e derivados;
ão e õe. Em seguida no estudo dos ditongos representados por vogal seguida de
consoante nasal m têm-se dois representantes: am e em. Am átono só é usado em
flexões verbais; em – tônico ou átono emprega-se em palavras de categorias
diversas, incluindo flexões verbais e pode apresentar variantes.
CONCLUSÃO
O presente artigo teve como
propósito analisar a questão dos grafemas vocálicos e consonânticos no novo
acordo ortográfico 2008.
Na Base I a análise feita
foi acerca da introdução das letras K, W e y no alfabeto oficial. Na Base II a
análise feita foi sobre o uso da letra h. Na base III a análise tratou sobre a
homofonia de algumas consoantes. Na Base IV o estudo se deu a partir do
desaparecimento de algumas consoantes que caíram em desuso pela força do uso.
Na Base V o estudo foi norteado pelas vogais orais. Na base VI a análise feita
foi sobre as vogais nasais e na Base VII a discussão se deu em torno dos
ditongos orais e nasais.
Para finalizar o que se
ressalta é que o intuito da reforma ortográfica foi abalar as bases nem tão
sólidas da ortografia brasileira. Esse processo de adaptação leva tempo e a
problemas não controláveis e o papel do professor é buscar compreender e tentar
repassar de maneira clara aos seus alunos.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Acordo
ortográfico da Língua Portuguesa.
In Martins, Vicente. Curso de especialização em Língua Portuguesa
e Literatura. Disciplina: Ortografia e o ensino do português. 2009.